23MIC1 - Microeconomia I

Rafael Bressan

Apresentação: Docente

Nome: Rafael Bressan

Formação:

  1. Mestrado acadêmico em Economia - FGV/EESP, 2022.
  2. Especialização em Data Science e Big Data - PUC-MG, 2021.
  3. Ciências Econômicas - UDESC, 2020
  4. Engenharia de Controle e Automação Industrial - UFSC, 2003.

Áreas de Interesse: Microeconometria aplicada a evasão fiscal e comércio internacional

Website: Site Pessoal

Contato: Mensagem via Moodle

Apresentação: Microeconomia I

23MIC1 - Microeconomia I

  • A economia divide-se em dois ramos principais: microeconomia e macroeconomia.

  • A microeconomia trata do comportamento das unidades (agentes) econômicas individuais - e.g., consumidores, trabalhadores, proprietários de terra, empresas.

  • A microeconomia explica como e por que essas unidades tomam decisões econômicas - e.g., como consumidores tomam suas decisões de compra e como essas escolhas são influenciadas por variações nos preços e na renda.

Apresentação: Microeconomia I

  • Outro objeto de estudo da microeconomia é a compreensão de como as unidades econômicas (empresas) interagem para formar unidades maiores - mercados e indústrias. Por meio do estudo do comportamento e da interação entre cada empresa e os consumidores, a microeconomia revela como os setores e os mercados operam e se desenvolvem, por que são diferentes entre si e como são influenciados pelas políticas governamentais e condições econômicas globais.

  • Algumas questões que podem ser analisadas pelas ferramentas microeconômicas são: o aumento de um imposto qualquer, o aumento da punição de certos tipos de crimes, a liberalização das drogas, a discriminação racial, além de muitos outros.

Apresentação: Microeconomia I

A ênfase da disciplina 23MIC1 - Microeconomia I é compreender o racional das decisões dos agentes econômicos e o propósito do curso é fornecer uma base microeconômica sólida, que será extensivamente adotada em outras disciplinas de economia. O curso será dividido em quatro blocos:

  1. Introdução

  2. Comportamento do consumidor e demanda

  3. Comportamento do produtor e oferta

  4. Equilíbrio parcial de mercados perfeitamente competitivos

Ementa

Ementa 1. Restrição orçamentária. Preferências do consumidor. Comportamento do consumidor. Demanda individual e demanda de mercado. Elasticidade. Preferência revelada. Equação de Slutsky. Escolhas sob incerteza e ativos de risco. Escolha intertemporal. Excedente do consumidor e do produtor. Tecnologias de produção. Maximização de lucros. Minimização de custos. Curvas de custo. Oferta da empresa e oferta de mercado.

Objetivo

Objetivo 1. A disciplina apresenta os modelos básicos referentes aos comportamentos do consumidor e do produtor, que são os blocos de construção básicos da análise microeconômica contemporânea.

Aulas e sistema de avaliação

Formato das aulas e sistema de avaliação

  • A disciplina apoia-se, fundamentalmente, em livros-texto e notas de aula e será ministrada por meio de aulas expositivas.

  • As aulas acontecerão às:

    • Quartas-feiras das 08:20 às 10:00.

    • Sextas-feiras das 08:20 às 10:00.

  • A avaliação será realizada a partir dos procedimentos abaixo:

    • Atividade avaliativa I (PI): 25%

    • Atividade avaliativa II (PII): 35%

    • Atividade avaliativa III (PIII): 40%

Aulas e sistema de avaliação

Formato das aulas e sistema de avaliação

  • Os alunos devem ter em mente que o aprendizado e o acompanhamento do curso dependem essencialmente de seu próprio esforço.

  • Os tópicos do programa serão apresentados em aulas expositivas, destinadas à apresentação de conceitos, modelos e suas aplicações.

  • Embora importantes, as aulas não podem jamais ser vistas como substitutas da leitura regular e cuidadosa dos textos indicados e da resolução dos exercícios propostos.

Introdução

O que é microeconomia?

  • A definição mais utilizada de economia é: “economia é o estudo da alocação de recursos escassos”.

  • Em um mundo com recursos escassos e demandas quase ilimitadas, é necessário estabelecer critérios para decidir quantos e quais bens e serviços serão produzidos, e como serão alocados entre os agentes econômicos.

  • É esse mecanismo de alocar os recursos escassos aos agentes econômicos que compõe o cerne da ciência econômica.

  • Para determinar a alocação ótima dos recursos, é necessário estudar o comportamento dos agentes no ambiente econômico. É precisamente o comportamento das unidades econômicas individuais o objeto de estudo da microeconomia.

Agentes econômicos

  • Neste curso focaremos em dois tipos de agentes econômicos: consumidores e firmas.

    1. Consumidores manisfestam suas ações por intermédio de suas demandas - qual a quantidade de cada bem que desejam adquirir. Manifestam suas demandas buscando obter a satisfação máxima a partir de sua renda e dos preços dos bens e serviços disponíveis para consumo.

    2. Firmas manifestam suas ações por intermédio de sua demanda por insumos ou fatores de produção (capital, trabalho, etc.) e por sua oferta de bens e serviços produzidos. Suas demandas e ofertas representam suas buscas de maximização dos lucros a partir das tecnologias que dispõem para produzir os bens ofertados e dos preços dos insumos contratados.

Mercado

  • As ofertas e demandas de firmas e consumidores são representadas no mercado.

  • As quantidades demandadas e ofertadas por cada agente dependem, portanto, dos preços dos bens e dos insumos.

  • O mercado funciona cotando preços e verificando as quantidades demandadas e ofertadas a cada nível de preço possível.

  • Quando a quantidade ofertada iguala a quantidade demandada, dizemos que o mercado está em equilíbrio.

  • Existem vários mercados em um sistema econômico. Pelo menos um para cada bem ou serviço existente.

Modelos econômicos

Modelos teóricos

  • Como um sistema econômico é um ambiente extremamente complexo, seria impossível descrever todas as características que o compõem.

  • Portanto, economistas utilizam modelos econômicos para descrever as atividades econômicas.

  • Estes modelos devem abstrair grande parte das complexidades do “mundo real” e focar apenas naqueles elementos que são essenciais para o objeto de estudo em questão.

  • Apesar de serem abstrações da realidade, os modelos econômicos fornecem um auxílio fundamental para o entendimento do comportamento econômico (tanto das firmas quanto dos consumidores, e de como esses grupos interagem para formação de mercados).

Validação de modelos econômicos

  • Existem dois métodos gerais de validar um modelo econômico:

    1. Abordagem direta. Busca a validação dos pressupostos básicos nos quais o modelo está baseado.

    2. Abordagem indireta. Busca a validação do modelo verificando se suas implicações possuem capacidade preditiva de eventos do “mundo real”.

  • O modelo de maximização de lucros assume que o único objetivo de uma firma é maximizar seus lucros, dadas suas restrições. Qualquer outro possível objetivo é tratado como irrelevante para a análise. O modelo ainda assume que a firma possui informações suficientes acerca de seus custos e acerca da natureza do mercado em que está inserida para descobrir suas opções otimizadoras de lucros. Obviamente, a maioria das firmas não possuem tais informações (pelo menos não sem custos adicionais).

Validação de modelos econômicos

  • Testando os pressupostos. As firmas de fato maximizam seus lucros? Os resultados de questionários enviados para executivos são inconclusivos. Enquanto alguns mencionam que a maximização de lucros é o principal objetivo, outros indicam que existem outros interesses a serem considerados.

  • Alguns economistas argumentam que o teste definitivo de um modelo econômico é obtido quando confrontamos suas implicações com os dados obtidos do mundo real. Portanto, se as implicações do modelo de maximização de lucros forem alinhados com o comportamento das firmas do “mundo real”, temos evidências empíricas que suportam a adoção deste modelo. Caso contrário, se os dados que temos disponíveis parecem inconsistentes com a predição do modelo, temos argumentos para rejeitá-lo.

Características gerais de modelos econômicos

Hipótese de ceteris paribus

  • Modelos econômicos tem por objetivo explicar algumas relações simples.

  • Estes modelos focam nos efeitos de apenas algumas variáveis de cada vez.

  • Outras variáveis são, por hipótese, tomadas como constantes ao longo do período de estudo.

Estutura dos modelos econômicos

  • Os modelos que estudaremos na disciplina possuem uma estrutura matemática e evidenciam as relações entre fatores (variáveis) que afetam as decisões de firmas e consumidores e os resultados destas decisões.

  • As variáveis que estão fora do controle dos tomadores de decisão são denominadas variáveis exógenas.

  • Por outro lado, as variáveis que são determinadas dentro do modelo são denonimadas variáveis endógenas.

Hipóteses de comportamento otimizador

  • A maioria dos modelos econômicos começa sua estruturação com a hipótese de que os agentes econômicos considerados estão buscando seus objetivos de maneira racional.

    • Consumidores buscam maximizar suas utilidades.

    • Firmas buscam maximizar seus lucros (ou minimizar custos).

    • Reguladores governamentais buscam maximizar o bem-estar público.

  • Racionalidade em economia não significa a exclusão de comportamentos prejudiciais ao próprio indivíduo (e.g., fumar ou usar drogas).

  • Os agentes econômicos são racionais no sentido de que suas ações são coerentes com a busca de sua felicidade ou de seus objetivos, mesmo que isso resulte em um comportamento prejudicial à pessoa ou à sociedade.

Análise positiva vs. análise normativa

  • A análise econômica pode ser classificada como positiva ou normativa.

  • A análise econômica positiva busca descrever o comportamento dos agentes e os resultados da interação entre os agentes, ou seja, busca explicar os fenômenos econômicos que são observados.

  • A análise econômica normativa estuda como os resultados deveriam ser e o que fazer para obtê-los.

  • Exemplo: a análise positiva pode constatar que a existência de um salário-mínimo aumenta o desemprego. Uma análise normativa pode recomendar o aumento do salário-mínimo.

Economias de mercado

Economias de mercado

  • Uma economia onde o sistema de preços opera livremente é chamada de economia de mercado.

  • O sistema de preços é fundamental para a alocação de recursos em uma sociedade. Ele provê informação e incentivos que coordenam a decisão de milhares de consumidores e produtores.

  • Cada agente precisa conhecer apenas os preços dos produtos que afetam o seu objetivo para tomar suas decisões.

  • Por isso diz-se que a economia é descentralizada: cada agente decide o que consumir ou produzir sem a necessidade de existência de uma entidade que coordene suas ações.

Eficiência de um mercado competitivo

  • Apesar da falta aparente de coordenação, um mercado competitivo é eficiente do ponto de vista econômico - mão invisível de Adam Smith.

  • Duas razões preponderam a favor do mercado como mecanismo de alocação de recursos:

    1. Em uma economia centralizada, o planejador central precisa conhecer todas as preferências dos consumidores e as tecnologias das firmas para decidir o que e quanto produzir. Em um mecanismo de mercado e decisões descentralizadas existe uma economia fantástica de informação para alocar recursos escassos. Consumidores só precisam conhecer suas preferências e os preços dos bens, e as firmas suas tecnologias e preços dos insumos e bens produzidos.

Eficiência de um mercado competitivo

  1. Como consumidores desejam pagar o menor preço possível pelos bens, compram apenas das empresas que podem ofertar mais barato (por terem tecnologia mais avançada ou pagarem menos nos insumos). Por outro lado, firmas querem vender pelo preço mais caro e venderão para consumidores dispostos a pagar mais pelos bens.

    Assim, na economia de mercado, os bens são produzidos pelas firmas mais eficientes e consumidos pelos consumidores que atribuem maior valor ao bem.

    A “mão invisível” de Adam Smith, onde cada agente agindo de maneira egoísta e visando seu próprio bem, em um mercado competitivo, acaba gerando o bem comum.

Eficiência de um mercado competitivo

  • Para que a “mão invisível” funcione, são necessárias algumas condições como:

    1. Ausência de externalidades (quando a decisão de um agente afeta as preferências de outros).

    2. Ausência de poder de mercado (quando existe um ou poucos produtores de um determinado bem).

    3. Entre outras.

  • Quando estas condições não são válidas, dizemos que existe uma falha de mercado - objeto de estudo do curso de Microeconomia II.

Postulados básicos de economia

Escassez

  • Escassez significa que os recursos da sociedade são limitados. É impossível todos terem todas as coisas que querem: “you can’t always get what you want” - Rolling Stones.

Mick Jagger - formado em Economia pela London School of Economics

Escassez

  • Quando se toma uma decisão econômica, geralmente se paga alguma coisa, devido à escassez de recursos.

  • Qual o custo de fazer uma graduação em uma universidade pública?

  • Mesmo que não se pague uma mensalidade, existe o custo de não se poder trabalhar, gerando perda de renda corrente.

  • O verdadeiro custo de algum bem ou serviço é o valor da melhor alternativa de uso dos recursos utilizados para se adquirir esse bem. Este custo econômico é chamado de custo de oportunidade.

Escolhas (Tradeoffs)

  • Escassez impõe a necessidade de escolher entre alternativas possíveis.

  • Se queremos produzir mais de um determinado bem, teremos que produzir menos de outro.

  • A palavra tradeoff ilustra essa situação em que para se obter alguma coisa deve-se sacrificar outra.

Comportamento individual maximizador

  • Os agentes econômicos tomam decisões com algum objetivo em mente, e essas decisões são tomadas para se alcançar esse objetivo.

  • A razão para estudarmos agentes individuais, e não grupos, é prática - existem teorias bem estabelecidas sobre o comportamento individual, enquanto a teoria de comportamento em grupo não é tão bem estabelecida.

  • No entanto, decisões em grupo são fundamentais em macroeconomia e em alguns campos da microeconomia.

Substituição

  • Substituição significa que as pessoas estão dispostas a fazer as escolhas que a escassez de recursos exige.

  • Entre quaisquer dois bens A e B que desejamos, estamos dispostos a abrir mão de um pouco de A para receber um pouco de B.

  • Essa substituição normalmente envolvem pequenos incrementos dos bens - chamados de marginais.

  • Para decidir o quanto um indivíduo investe em educação, ele pensa primeiro nos seus benefícios e custos. Se os benefícios do ensino primário forem maior que os custos, ele fará o primário. Uma vez tendo decidido fazer o primário, o indivíduo pensa se os benefícios do ensino médio superam os custos. Esse princípio é aplicado até chegar-se ao ponto em que o benefício marginal da educação for igual ou menor que o custo marginal da educação.

Implicações dos postulados

  • Os agentes econômicos tomam suas decisões dependendo dos custos e benefícios envolvidos nessas escolhas.

  • Assim, quando há alterações nestes custos e benefícios, as decisões se modificam.

  • Portanto, podem ser colocados incentivos na economia para induzir as pessoas ou firmas a tomarem certas decisões. Por exemplo, se o preço do combustível aumentar, os consumidores reduzem o uso do automóvel.

  • O reconhecimento de que agentes econômicos respondem a incentivos é de fundamental importância em economia. Por exemplo, a formulação de políticas públicas deve levar em conta que as pessoas podem alterar seu comportamento devido a uma nova lei, e essa mudança pode ter efeitos não desejáveis (e.g., lei seca nos Estados Unidos nos anos 1920s).

📚 Bibliografia

(a) NICHOLSON

(b) VARIAN

Figura 1: Livros-texto adotados

📚 Bibliografia

NICHOLSON, W.; SNYDER C. Teoria microeconômica: Princípios básicos e aplicações. Cengage Learning Brasil, 2019. Disponível em: app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522127030

VARIAN, H. R. Microeconomia: uma abordagem moderna. 9.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. Disponível em: app.minhabiblioteca.com.br/books/9788595155107

PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 8. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013.

JEHLE, G. A.; RENY, P. J. Advanced microeconomic theory (Third Edition). Essex: Pearson Education Limited, v. 136, 2011.